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LIBBS Farmacêutica |
Concluído o maior estudo sobre os fatores de risco cardiovasculares
A Sociedade Brasileira de Cardiologia - SBC - acaba de tabular todos os dados da pesquisa Corações do Brasil e constata que a saúde do brasileiro não anda nada bem. O diretor-executivo da SBC, Raimundo Marques do Nascimento Neto, que foi o idealizador e coordenador de todo o trabalho acredita que os dados serão importantes para a definição de políticas públicas para a saúde. Todos os números e gráficos estão reunidos no Atlas do Coração, que será lançado no 60º Congresso Brasileiro de Cardiologia, entre os dias 17 e 21 de setembro, em Porto Alegre no Rio Grande do Sul.
A pesquisa constatou que 13% da população faz uso diário de bebida alcoólica (a região sudeste tem o maior percentual do país), 83% dos brasileiros são sedentários (no nordeste este índice chega a 93%), 25% fumam e 14% das pessoas apresentaram níveis de triglicérides acima do considerado normal. "São dados alarmantes que comprovam por que o Brasil tem tantas mortes por doenças cardiovasculares, cerca de 300 mil por ano", explica Nascimento Neto.
Os números mostram uma urgente necessidade de mudança nas políticas de saúde publica, de assistência social, de projetos educacionais e de todo o processo administrativo social do país. O debate sobre a fome do Brasil tem que ser muito ampliada. "Sabemos que existe uma grande parcela da população brasileira que passa fome, outra que mesmo alimentada, terá por um erro alimentar um aumento percentual muito elevado no futuro próximo da incidência das doenças cardiovasculares" diz Raimundo. O grupo que coordena o projeto Corações do Brasil fez uma proposta ao Ministério do Desenvolvimento Social (que cuida do programa Fome Zero) que seja construído um programa denominado FOME ZERO CORAÇÃO DEZ. Este programa vem sendo analisado pelo ministério e andamento para sua realização.
O trabalho de campo do Projeto Corações do Brasil levou dois anos para ser feito e envolveu cerca de 800 profissionais, em 77 cidades, que selecionaram 1.239 pessoas. Este universo representa as características da população brasileira e toda a metodologia foi coordenada pelo Instituto Vox Populi. A pesquisa traça uma radiografia da incidência dos principais fatores de risco para o coração - colesterol, hipertensão, diabetes, sedentarismo, tabagismo, hereditariedade, alcoolismo, drogas ilícitas, estresse, obesidade (índice de massa corporal e circunferência abdominal) e a doença vascular periférica.
O Projeto Corações do Brasil tem o apoio do Ministério e Secretarias Estaduais e Municipais da Saúde e o patrocínio dos laboratórios Libbs Farmacêutica, entre outros laboratórios.
Saiba mais detalhes sobre os resultados do Atlas Corações do Brasil no texto abaixo.
Mais informações sobre esta sugestão de pauta:
Ana Carolina Prieto e Renata Melo Segmento Comunicação Integrada Assessoras de Comunicação Tels.: (11) 3039-5617/ 3039-5611/ 3039-5600 - R. 273 ou 213 carolprieto@segmentocomunicacao.com.br renatamelo@segmentocomunicacao.com.br www.segmentocomunicacao.com.br
COLESTEROL
No tocante ao colesterol, a apuração revelou dados alarmantes. Segundo o estudo, 21,6% dos brasileiros têm taxas elevadas de colesterol. Ou seja, uma em cada cinco pessoas tem colesterol acima de 200 mg/dl, nível considerado perigoso pelas entidades internacionais de saúde. Para se ter uma idéia da gravidade da questão, basta ver que estamos bastante próximos dos Estados Unidos, os primeiros do mundo em colesterol elevado. Lá, 25% estão na faixa de risco.
Quem mais sofre com o problema é a população de baixa renda. Entre os que tinham renda familiar mensal de até um salário mínimo, 27,5% estavam acima dos índices recomendados. Esse número cai mais de 10 pontos percentuais, para 17,2%, na população de classe média, com renda mensal entre R$ 2.601 e R$ 5.200.
A diferença entre os menos e os mais favorecidos fica ainda mais evidente quando se toma a escolaridade como referência. No grupo de pessoas com o curso primário incompleto, 39,8% tinham colesterol alto. Já entre aqueles que terminaram o segundo grau, o número foi de 17,6%, menos da metade.
"A desinformação realmente é um dos grandes fatores para a maior percentual de indivíduos com o colesterol elevado nas classes sociais com menor renda e menor grau de escolaridade", lembra Raimundo Marques Nascimento Neto. Ele ainda reforça que, além desse problema, os alimentos que menos contém colesterol são também os mais caros: "a maior parte da população não tem acesso a frutas, verduras, carnes magras, peixes, fibras e desnatados".
Conforme Nascimento, grande parcela da população, mesmo alimentada, está desnutrida, se alimenta de forma inadequada ou ambos. "Isso certamente vai levar ao aumento da incidência das doenças cardiovasculares num futuro próximo", alerta o cardiologista.
A prevenção é a maior arma para se evitar os problemas decorrentes das altas taxas de colesterol. Alguns estudos como o 4S (Scandinavian Simvastatin Survival Study, que avaliou cerca de 4 mil pessoas) e o HPS (Heart Protection Study, realizado em 69 hospitais de todo o mundo, com mais de 20 mil pacientes) - demonstram que o controle dos níveis de colesterol é a forma mais efetiva de combate às complicações. Além dos exames laboratoriais de rotina, já existem monitores portáteis que permitem a dosagem rápida do colesterol em casa, nas empresas, em serviços de saúde ou em campanhas públicas de prevenção.
DAOP - Doença Arterial Obstrutiva Periférica
Dentre os dados levantados, a pesquisa aponta que 5,3% da população com idade acima de 45 anos tem alta probabilidade de desenvolver a DAOP.
Segundo Dr. Raimundo M. Nascimento, "a Doença Arterial Obstrutiva Periférica é mais prevalente nos indivíduos com diabetes ou intolerância a glicose, tabagista e com dislipidemia (níveis altos de colesterol). A faixa etária mais prevalente é a acima de 45 anos. Analisando estas variáveis podemos concluir que, aproximadamente, 5,3% dessa população, ou cerca de 10 a 11 milhões de indivíduos, têm alta probabilidade de apresentar a doença". A pesquisa revelou também que a DAOP é discretamente mais prevalente em homens do que em mulheres; apresenta o dobro da prevalência na raça negra e é oito vezes mais freqüente nas populações com baixa escolaridade (de analfabetos até pessoas com primário incompleto) que os indivíduos com escolaridade superior ao primário completo.
Por vezes confundida com reumatismo e artrite, a Doença Arterial Obstrutiva Periférica, apesar de grave e freqüente, é desconhecida por muitos médicos e, conseqüentemente, mal diagnosticada e pouco tratada no Brasil e no exterior.
Com origem semelhante à que leva ao infarto e ao derrame cerebral, ela é considerada um marcador de doença aterosclerótica mais generalizada. Ou seja, pacientes com DAOP têm risco elevado de sofrer infarto do miocárdio, derrame cerebral ou morte de origem cardiovascular. Por esta razão a doença foi incluída no Projeto Corações do Brasil.
"Cerca de 60% dos pacientes que têm a doença apresentam outras complicações cardiovasculares. E pior: a expectativa de vida é reduzida em 10 anos", alerta o cardiologista do Instituto Dante Pazzanese, Dr. Jairo Lins Borges. A incidência da doença aumenta com a idade. Segundo estatísticas norte-americanas, cerca de 10% da população acima de 50 anos apresenta o problema.
Quando não diagnosticada e tratada precocemente, a DAOP pode levar à amputação do membro afetado. "Mas esse não é o principal risco de uma pessoa com esse mal. Por ser um indicador de processo aterosclerótico mais generalizado, é provável que o paciente apresente acúmulo de gordura também nas artérias que levam sangue para o coração (coronárias), para o cérebro (carótidas) e para os rins (com risco de perda do órgão)", alerta o Dr. Jairo. As doenças cardiovasculares são a principal causa de morte no Brasil, com 300 mil óbitos por ano.
OBESIDADE ABDOMINAL
A obesidade abdominal foi um dos fatores de risco avaliado pelo Projeto Corações do Brasil. Simples de ser verificada, basta usar uma fita métrica para medir a circunferência da cintura, o excesso de gordura na região do abdomen está diretamente relacionado com o aumento do risco cardiovascular, pois leva a uma série de alterações no organismo que podem contribuir para elevar as chances de o indivíduo desenvolver doenças cardiovasculares.
A diretriz mais recente sobre obesidade abdominal, da Federação Internacional de Diabete (IDF), recomenda que a circunferência abdominal das mulheres seja de no máximo 80 cm e a dos homens não deve ser superior a 94 cm. Medidas maiores do que essas podem comprometer a saúde do coração.
Os dados revelados pelo Projeto Corações do Brasil mostram que em uma população avaliada para a obesidade abdominal, de 1239 pessoas , com mais de 18 anos, apenas 30% das mulheres e 55% dos homens estavam dentro dos parâmetros recomendados pela IDF para obesidade abdominal.
Problema mundial
Nos Estados Unidos, a prevalência de obesidade abdominal em adultos com mais de 20 anos de idade é de 46% (homens: 37%; mulheres: 55%), de acordo com um levantamento publicado em 2004 no "American Journal of Clinical Nutrition". Na Inglaterra, 29% dos homens e 26% das mulheres estão com excesso de gordura abdominal, segundo uma pesquisa divulgada em 2004 pelo "UK National Diet and Nutrition Survey".
Prejuízos ao coração
Considerada hoje pelos especialistas um medidor do risco cardiovascular mais relevante do que o IMC (índice de massa corporal), vários estudos prospectivos demonstraram que a obesidade abdominal pode aumentar os níveis de colesterol ruim (LDL) e resistência à insulina, além de elevar as taxas de triglicérides e reduzir o bom colesterol (HDL).
Um estudo publicado em 1994 no "American Journal of Cardiology" já revelava que o tecido adiposo pode ser considerado um órgão endócrino contribuindo diretamente para o risco cardiovascular ao secretar milhares de moléculas com efeito nos aspectos vasculares, metabólicos, inflamatórios e funcionais do sistema cardiovascular.
HIPERTENSÃO
Os dados a respeito da hipertensão tiveram como base 1.239 pessoas, em 77 cidades do país. A população base da região sudeste foi a maior com 670 indivíduos. Em seguida, vieram o sul (214), nordeste (195) e norte/ centro oeste (160). As pessoas com pressão arterial acima de 140 X 90 mmHg representam 31,8% da população pesquisada no nordeste; 30,4% do sul; 29,1% do sudeste e 19,4% do norte/ centro oeste. A pressão arterial considerada ideal para hipertensos não diabéticos é de 140 x 90 mmHg, enquanto que para o paciente diabético é de 130 x 80 mmHg.
A Pesquisa Corações do Brasil também revelou que a falta de cuidado com a saúde é mais presente entre os homens do que entre as mulheres. Dos 6,5% que se tratam e atingiram o nível de pressão arterial ideal, 65% são mulheres e 35% são homens. Também vale ressaltar que 48,1% da população que tem pressão alta sabe do problema e não faz qualquer tipo de tratamento, sendo que 60% dos homens não se cuidam, enquanto entre as mulheres este índice é de 40%.
De acordo com o Dr. Raimundo Marques Nascimento Neto, os altos índices de hipertensão são os responsáveis pelas duas principais causas de morte no país: o derrame cerebral e o infarto agudo do miocárdio. "Isso se deve ao fato da doença ser silenciosa, não apresentar sintomas e, assim, impactar de forma negativa na adesão ao tratamento", completa.
Outro detalhe importante mostra que o tratamento da hipertensão não depende do rendimento familiar. No grupo que recebe mais de 10 salários mínimos por mês o índice é de 49% de adesão, enquanto no grupo que recebe entre 1 e 5 salários a porcentagem é bastante semelhante, de 50%.
DIABETES
Segundo Dr. Raimundo Nascimento, o diabetes é um dos fatores de risco mais preocupantes pois está diretamente relacionado ao aumento da mortalidade ocasionada por eventos cardiovasculares. "Entre os homens diabéticos os índices de mortalidade são de duas à três vezes maiores se comparados à população não-diabética", destaca Dr. Raimundo. "O tratamento medicamentoso aliado à melhoria da qualidade de vida dos pacientes, por meio da prática de atividades físicas e de uma alimentação balanceada, é a única forma de controlar a doença", complementa.
A Sociedade Brasileira de Diabetes, em seu último consenso, estabeleceu como paciente diabético aquele cujo nível de glicemia é superior à 110 mg/ dl. De acordo com esse critério de avaliação, a pesquisa Corações do Brasil revela que 9% da população do país é diabética, ou seja, apresenta níveis de glicemia acima de 110 mg/ dl. Entretanto, segundo a Sociedade Norte-americana de Diabetes, o nível de glicemia acima de 99 mg/ dl já classifica o paciente como diabético, nesse caso, o índice brasileiro de diabéticos sobe para 17%.
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