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Feicana 2003 - Feira de Negócios da Agroindústria Sucroalcooleira |
PESQUISA
Panorama da agroindústria canavieira nacional
O Brasil é o maior produtor e exportador de açúcar e álcool do mundo. O País produz anualmente 300 milhões de toneladas de cana-de-açúcar, 22,5 milhões de toneladas de açúcar e 13 bilhões de litros de álcool, com os menores custos, em menos de 1% das áreas cultiváveis do país, o que equivale a 4,5 milhões de hectares de cana (19% da área do Reino Unido e 8% do território francês). O agro-negócio da cana-de-açúcar movimenta anualmente cerca de US$ 8,3 bilhões, 1,6% do PIB. Em 2001, somente as exportações de açúcar trouxeram para o país cerca de US$ 2,27 bilhões. Todo o processo de produção nacional da cana, do açúcar e do álcool acontece sem intervenção ou subsídios do governo, o que é ainda mais significativo ao se considerar a complexidade da cadeia produtiva. Planta-se cana no Centro-Sul e no Norte-Nordeste do país, o que permite dois períodos de safra. Produz-se, portanto, o ano todo. Dependendo do momento do plantio, a cana demora de um a um ano e meio para ser colhida e processada pela primeira vez. A mesma cana pode ser colhida até cinco vezes, mas a cada ciclo devem ser feitos significativos investimentos para manter a produtividade. A cana é a força por trás das 318 unidades produtoras existentes no Brasil, 128 das quais estão em São Paulo. Responsável por 72% de toda a produção do Centro-Sul, 65% da produção nacional de álcool e 60% da produção de açúcar, São Paulo produziu na última safra (2002/2003) 14,2 milhões de toneladas de açúcar e 7,7 bilhões de litros de álcool, com níveis de eficiência, produtividade e custos que nenhum outro país consegue atingir. Em São Paulo estão 6% dos empregos da agroindústria nacional da cana. O setor representa 35% do PIB paulista e do emprego rural, movimentando anualmente US$ 4,9 bilhões. Utilizando 2,3 milhões de hectares, ou seja, 13,3% da área cultivada, São Paulo produz o equivalente a 80% do açúcar da Índia, o segundo maior produtor mundial e, em etanol, os produtores paulistas superam os Estados Unidos, segundo maior produtor mundial de etanol, em 18%. O diferencial de São Paulo, em relação aos demais Estados e Países, está no intenso trabalho científico que visa aproveitar melhor as excelentes condições climáticas e do solo e melhorar as variedades de cana, além de pesquisas para gerar novas espécies. Pioneiro no Brasil, São Paulo está realizando o programa de seqüenciamento genético de um vegetal, que já identificou 43 mil genes da cana-de-açúcar e está permitindo o avanço da busca por espécies mais sadias, produtivas e rentáveis. Trata-se do Projeto Genoma-Cana, que começou em 1999, uma parceria entre a Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp), universidades e o setor sucroalcooleiro e, em particular, com o Centro de Tecnologia da Cooperativa dos Produtores de Açúcar e de Álcool do Estado de São Paulo (Copersucar).
Emprego e responsabilidade social
Na atividade canavieira do Brasil há cerca de 1 milhão de empregos diretos, 511 mil apenas na produção de cana e os demais distribuídos pela agroindústria de açúcar e de álcool. O rendimento do trabalhador no corte manual de cana em São Paulo, cuja remuneração média é pelo menos duas vezes maior que o salário mínimo nacional, supera 10 t de cana/homem/dia. Só em São Paulo estão 11 mil dos 60 mil produtores rurais do país e 400 mil trabalhadores, 95% com carteira assinada, incluindo os trabalhadores indiretos, são mais de 1,2 milhão de empregos ligados ao setor. Num país com as dimensões e os problemas sociais do Brasil, é relevante o fato de a atividade canavieira empregar, com remuneração digna, carteira assinada, assistência social, alimentação, segurança no trabalho e garantias trabalhistas, trabalhadores em grande parte com menor qualificação, que teriam enorme dificuldade de emprego na indústria ou no setor de serviços.
Potencial do setor canavieiro
A agroindústria da cana ainda possui um enorme potencial de crescimento. O combate mundial ao efeito estufa e a redução da poluição local, que levaram à substituição de aditivos tóxicos na gasolina, conforme a cláusula do chamado Mecanismo de Desenvolvimento Limpo (MDL), do Protocolo de Kyoto, abre a possibilidade de maior utilização do produto como combustível e na geração de energia limpa. A certificação sócio-ambiental da cana, com a emissão de Certificado de Redução das Emissões (CRE), produto intangível, mas já negociado no mercado através do MDL, irá alavancar o mercado nacional e internacional do álcool. Segundo o MDL, países industrializados que usam muito petróleo ou carvão e são grandes emissores de dióxido de carbono (CO2) podem comprar o CRE de países que produzem energia limpa e renovável, o caso do Brasil. Os primeiros certificados de crédito de carbono já começam a ser concedidos, permitindo que as empresas negociem esses créditos no mercado internacional. Em relação ao álcool, com mais de 25 anos de uso em larga escala, o Brasil desenvolveu tecnologia de motores, logísticas de transporte e distribuição únicas no mundo. A nova tecnologia que está sendo desenvolvida pela indústria automobilística promete aquecer ainda mais o mercado. São os "flex-fuel", carros que poderão funcionar com o uso de álcool, de gasolina ou de qualquer mistura destes combustíveis. Os defensores dos veículos com combustível flexível argumentam que, apesar de o Brasil dispor de ampla infra-estrutura de abastecimento de álcool, a sensação de segurança, associada à possibilidade de escolha pelo consumidor do combustível, representaria um fator de atratividade e diferenciação no mercado consumidor. Para os produtores de álcool, significaria maior flexibilidade na oferta de seu combustível em função de variações de safra e oportunidades no mercado de açúcar. As pesquisas realizadas no Brasil resultaram em uma concepção tecnológica superior à norte-americana. Enquanto nos EUA os veículos "flex-fuel" foram derivados dos veículos a gasolina, no Brasil se aproveitou a experiência com os veículos a álcool. Dessa forma, o conceito "flex-fuel" nacional se mostrou melhor em termos de desempenho e economia de combustível, possibilitando o uso de até 100% de álcool. Essa notícia e o aumento do interesse pelo uso do álcool em outros países, como a Índia, China, Tailândia e Austrália, estão motivando as montadoras a examinar com renovado interesse as possibilidades de tornar o Brasil um centro de produção de veículos "flex-fuel", tanto para o mercado interno como para exportação. Recentemente a Ford anunciou o lançamento do Fiesta "flex-fuel", para meados de 2003. O aumento da adição de álcool anidro na matriz de combustíveis é outra perspectiva. Calcula-se que se apenas a Alemanha adicionar álcool à gasolina na mesma proporção do Brasil (de 20 a 25%, por lei), o País teria que duplicar a área plantada.
Co-geração de energia
A cana-de-açúcar se transforma em energia, na medida em que a queima do bagaço movimenta turbinas, gerando energia elétrica que torna auto-suficientes as unidades industriais, criando excedentes que são vendidos às concessionárias. No Estado de São Paulo, o setor gera entre 1.200 e 1.500 megawatts para consumo próprio; 40 usinas produzem excedentes de 158 Mw. E a luz que vem da cana já ajuda a iluminar diversas cidades. O potencial de geração de energia da agroindústria canavieira está em torno de 12.000 Mw - a potência total instalada no Brasil é de 70.000 Mw. Em 2002, em função de novos projetos, mais de 300 Mw foram adicionados e, em curto prazo, o setor poderá contribuir com 4.000 Mw adicionais.
Diversidade da cana
Potente instrumento para o desenvolvimento, permitindo a criação de empregos e a descentralização econômica, a cana-de-açúcar é, em si mesma, usina de enorme eficiência: cada tonelada tem potencial energético equivalente ao de 1,2 barril de petróleo, combustível fóssil que precisa de milhões de anos para se formar. A cana-de-açúcar é matéria-prima de grande flexibilidade e diversidade, assim como o petróleo, mas com um importante diferencial: os produtos derivados da cana são biodegradáveis e não ofensivos ao meio ambiente. Com ela é possível produzir açúcar de vários tipos; álcool combustível e para a indústria química, farmacêutica e de cosméticos; fabricar bebidas como a cachaça, rum e vodka; gerar energia elétrica natural, limpa e renovável a partir do bagaço via alcoolquímica; mel; ração; levedura; fibras sintéticas; fertilizantes e plástico.
Fontes consultadas:
Site da UDOP (www.udop.com.br) - Usinas e Destilarias do Oeste Paulista. Site da UNICA (www.unica.com.br) - União da Agroindústria Canavieira de São Paulo. Site Centro Clima (www.centroclima.org.br). Informativos da UNICA. Alfred Szwarc - consultor de meio ambiente (ADS Tecnologia e Desenvolvimento Sustentável). Cláudio Manesco - consultor da UNICA.
Outras informações:
Roseli Ramos Assessora de Comunicação Segmento Comunicação Integrada (11) 3039-5655 ou (11) 3039-5600, ramal 252
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