Ao divulgar, no dia 23 de fevereiro, em São Paulo, o "Book 2005 - Perspectivas e Estratégia", publicação que apresenta as estimativas para a economia brasileira e analisa 75 empresas de 21 setores listadas na Bevespa, o presidente do Fator, Manoel Horacio Francisco da Silva, afirmou que o Produto Interno Bruto (PIB) deve apresentar um crescimento entre 4% e 4,5% este ano. Segundo ele, este avanço será puxado pelo consumo interno, em função do aumento da massa salarial.
Na opinião do presidente do Fator, os setores mais defasados em termos de crescimento e com capacidade instalada ociosa em 2004 serão os que apresentarão os principais avanços este ano. "Ou seja, os setores de bens de consumo semiduráveis e não duráveis", disse. Além destes, Manoel Horacio acredita que o segmento de bens de capital também permanecerá forte.
Manoel Horacio acredita ainda que as elevadas taxas de juros podem conter o crescimento de setores como os de bens duráveis e construção civil. "Embora muitos acreditem que a construção civil vai apresentar um forte crescimento este ano, a política monetária pode restringir bastante este avanço", disse.
Para o final do ano, o presidente o Fator acredita que a taxa básica de juros (Selic) deverá ser de 16%. O Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) deve encerrar o ano entre 6% e 6,5%. Em relação ao câmbio, a moeda norte-americana deve chegar a R$ 2,95 no final do ano.
A balança comercial brasileira manterá os bons resultados verificados nos últimos anos, ainda que em menor proporção. As exportações devem somar US$ 102 bilhões e as importações, US$ 75 bilhões. Com isso, o superávit estimado é de US$ 27 bilhões.
Durante entrevista à imprensa realizada na sede do Fator, Manoel Horacio disse acreditar que para o Brasil poder dispensar a renovação do acordo com o Fundo Monetário Internacional (FMI) o ideal seria ter cerca de US$ 40 bilhões de reservas. "Devido ao risco de crises externas precisamos ter um nível de reserva mais elevado para termos um pouco mais de conforto", disse.
Para ele, a afirmação do governo, de que não precisa mais do acordo, é uma questão de vaidade. "Como o País não precisou sacar o valor disponível no último acordo, é uma questão de vaidade dizer que não precisa mais do acordo. Mas acho que US$ 40 bilhões nas reservas é um número que dá mais segurança e fôlego", afirmou.
Resultados do Fator em 2004
Durante a entrevista, foram divulgados os resultados do balanço do Fator em 2004. O Banco Fator encerrou o ano passado com um lucro líquido de R$ 26,84 milhões, resultado 56% superior ao verificado em 2003 (R$ 17,18 milhões). O retorno sobre o patrimônio líquido foi de 55,2%.
Em relação à Fator Corretora, que apresentou lucro líquido de R$ 1,14 milhão, Manoel Horacio destacou que 2004 foi um ano de grandes investimentos na área. "Em 2005 devemos colher os resultados", declarou. O avanço da Corretora para os próximos anos está baseado, principalmente, no cliente pessoa física, que hoje já representa 40% da receita.
Em relação à Fator Administração de Recursos (FAR), o presidente do Fator destacou o crescimento num ano em que a indústria de fundos como um todo enfrentou dificuldades. Em dezembro de 2004, o patrimônio administrado pela FAR era de R$ 3,3 bilhões, sendo que no ano anterior, o volume era de R$ 2,78 bilhões.
"A indústria de fundos teve um ano difícil, mas cresceu em nichos específicos", disse a diretora da FAR, Roseli Machado. Ela destacou que os fundos geridos pela FAR têm apresentado consistência de resultados, independente dos resultados da bolsa.
Em relação à Fator Corporate, Manoel Horacio destacou que o ano de 2004 foi ainda fraco em termos de fusões e aquisições e foi um período em que os empresários estavam em ritmo de esperar para ver se o crescimento da economia se consolidaria. "A economia cresceu forte e, este ano, muitas empresas já se mostram com pouca capacidade instalada para ampliar suas atividades. Então, este movimento de compras e fusões deve ser muito mais forte este ano", disse.