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Gosto pelo perigo
Pesquisa realizada com Base-jumpers revela que assumir risco é uma necessidade fisiológica comparável à de se alimentar
Assim como comemos para saciar a fome, corremos perigo para satisfazer a necessidade de risco. Todo comportamento humano ou animal, sempre que seu resultado tiver uma margem de incerteza, exige que se corram riscos. A capacidade de assumi-los está inscrita em nosso comportamento e, provavelmente, em certas estruturas de nosso cérebro. A conclusão é do estudo realizado por Bruno Sicard, médico da Marinha em Toulon, e Olivier Blin, neuropsiquiatra e professor de farmacologia clínica na Universidade do Mediterrâneo, em Marselha, França, com três praticantes de Base-jump, esporte radical que consiste em saltar com pára-quedas em queda livre de edifícios, falésias ou pontes.
Para o estudo, os Base-jumpers aceitaram responder a questionários psicológicos para avaliar as dimensões de suas personalidades, antes e depois dos 20 saltos, 17 de uma falésia, dois de chaminés de fábrica, à noite, e um de uma antena de transmissão de televisão. A altura dos saltos variou entre 90 e 300 metros.
Um das respostas do estudo, publicado na edição de outubro da revista Viver Mente&Cérebro, da Duetto Editorial, evidencia a tendência para realizar uma ação mesmo quando não é possível medir conseqüências. Está é a definição do risco. "Os Base-jumpers apresentam, antes dos saltos, pontuações excepcionalmente altas nas categorias gosto pelo perigo, invulnerabilidade, energia e autocontrole. Os saltadores se sentem, nessas circunstâncias, dispostos a tudo", diz a pesquisa. Mas isso não quer dizer que desconheçam riscos. "Eles podem, por exemplo, adiar suas ações quando necessário, o que um impulsivo é incapaz de fazer", afirmam os pesquisadores.
O estudo revela ainda que a necessidade de enfrentar uma situação arriscada leva os Base-jumpers a saltar, como a fome nos incita a comer. "Nas pessoas em busca de sensações os neurônios de dopamina funcionam de forma plena e este funcionamento é intensificado pela presença de testosterona. Assim, esse comportamento é mais marcado nos homens jovens com altas taxas do hormônio. Nas mulheres, ao contrário, a presença de progesterona estimula uma enzima de degradação da dopamina, o que explica a menor freqüência, entre elas, de comportamento de busca de sensações", diz o texto.
Outro aspecto interessante abordado na pesquisa é que a cafeína, que produz efeitos análogos aos da dopamina, ao excitar seus receptores, mantém elevado nível de aceitação de risco entre os pilotos de caça em situações de stress e fadiga, por exemplo, quando este nível deveria, ao contrário, diminuir. "O risco funciona como um termostato: O nível de propensão a assumir riscos eleva-se às vezes, como a temperatura em um recinto, e um mecanismo para reduzi-la se faz necessário. Esse mecanismo é a aceitação do risco, que expõe o indivíduo a uma situação de perigo e de incerteza, sacia seu desejo e então reduz a temperatura. Mas é o risco percebido, e não o risco real, que é objeto de regulação. Assim, uma pessoa brincando de roleta-russa, sem saber que não há nenhuma bala na arma, saciará sua sede de risco, mesmo que ele seja nulo", exemplifica.
No período paleolítico, riscos significativos eram assumidos no cotidiano para matar um animal a fim de saciar a fome. "Naquele período os neurônios do risco eram indispensáveis e se fixaram de forma durável, já que as pessoas desprovidas deles não podiam sobreviver. Hoje banimos o risco de nossas vidas. Talvez essa seja a razão pela qual os jovens sentem a necessidade de se expor a situações extremamente perigosas", conclui o estudo.
Fonte sugerida para esta matéria:
Prof. Dra. Marilda Lipp, Ph.D. em Psicologia pela George Washington University e Pós- Doutora em Stress Social pelo National Institute of Health. Autora de dezenas de artigos científicos e 11 livros sobre stress. É professora titular da PUC-Campinas, onde coordena o Laboratório de Estudos Psicofisiológicos do Stress da PUC-Campinas. É diretora fundadora do Centro Psicológico de Controle do Stress e Presidente da Associação Brasileira de Stress (ABS).
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