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EADS - European Aeronautic Defence and Space Company |
Visão 2020, uma oportunidade para o Brasil
Num mundo em mudança, as empresas do setor aeroespacial enfrentam constantemente novos desafios. A EADS , empresa global com raízes européias, que inclui a fabricante de aviões Airbus, o maior fornecedor mundial de helicópteros Eurocopter e a EADS Astrium, líder européia em programas espaciais, prepara-se não apenas para enfrentar esses desafios, mas também para transformá-los em oportunidades.
Que desafios a EADS enfrenta? Alguns dos mais urgentes são as taxas cambiais dólar-euro, o alto preço dos combustíveis e o caráter cíclico dos negócios de aviação e defesa. Ao mesmo tempo, o grupo tem de conquistar novos mercados e atuar como líder global que desenvolve, produz e vende no mundo todo. A EADS compreendeu isso e está preparada para oferecer as respostas adequadas. O grupo estabeleceu um programa estratégico chamado Visão 2020, que inclui, entre outras, medidas para equilibrar atividades realizadas na Europa com atividades fora do continente - e isso é especialmente relevante para o Brasil.
Desta forma, deveremos ampliar até 2020 nossas receitas de cerca de € 40 bilhões atualmente para aproximadamente € 80 bilhões, adquirindo 40% de nossas compras e mantendo 20% de nossa mão-de-obra em países fora da Europa. Essa é uma estratégia desejável, e certamente necessária, que criará grandes oportunidades para os países que demonstrarem condições e tiverem interesse em participar.
Nós estimamos um mercado potencial para o setor aeroespacial e de defesa na América Latina em torno de € 70 bilhões nos próximos dez anos, 80% do qual é civil.
A cooperação com parceiros locais é vista pela EADS como estratégica. Estamos presentes no México há 25 anos e no Chile mantemos fortes ligações com a Enaer . No Brasil, temos operado por meio da Helibras nos últimos 30 anos. Mais recentemente tornamo-nos acionistas minoritários da empresa espacial brasileira Equatorial Sistemas e abrimos um escritório local da EADS Secure Networks. Até 2007, fomos acionistas da Embraer, o terceiro maior fabricante mundial de aeronaves.
Como gupo estamos muito honrados com a nossa presença no País e conscientes da responsabilidade que isso traz. Vemos mais de 100 aeronaves Airbus voando com a TAM, nosso principal cliente na América Latina, que também é o cliente de lançamento do A350 XWB na região; nosso avião de transporte militar CASA C295, renomeado Amazonas no Brasil como "dá apoio às populações mais isoladas no País; nosso sistema de rádio digital ajuda a Polícia Federal a lutar contra o crime; e os componentes da EADS Astrium estão atualmente a bordo de satélites brasileiros.
Mas o aspecto mais importante da nossa estratégia na América Latina é a de cooperação industrial. Países como o Brasil, que tem longa tradição aeronáutica, representam muito para o grupo. A EADS é uma das poucas empresas do setor no mundo que acompanharam a evolução da indústria do Brasil e acreditaram no seu potencial. Temos aqui uma presença não apenas institucional, mas também industrial, o que hoje nos permite priorizar a indústria nacional nos países-chave da região.
Pretendemos ampliar a nossa presença histórica, como no Brasil, aproveitando a capacidade industrial e a vontade política dos governos para incluir esses países no desenvolvimento de alguns dos nossos novos projetos. Neste momento, estamos negociando parcerias estratégicas industriais com o governo brasileiro para introduzir o País definitivamente como um fabricante de helicópteros de classe mundial.
Refiro-me à Helibras, líder no mercado de helicópteros a turbina que emprega uma força de trabalho altamente qualificada e que já entregou mais de 500 aeronaves para o mercado da região. A experiência da Helibras na fabricação local do helicóptero Esquilo credencia o Brasil e garante as condições para que o País possa começar a produzir helicópteros de maior porte para as Forças Armadas locais, operadores offshore e para exportação.
Para tanto, nossa estratégia é estar presente por meio de parcerias com as empresas nacionais. O desafio é nos mantermos como um dos principais fornecedores do Brasil. E a oportunidade é aumentar a nossa presença industrial no país. Se o Brasil continuar o seu atual processo de desenvolvimento sustentado, haverá um crescimento expressivo nos setores de transporte aéreo, civil e militar. E a EADS quer fazer parte disso.
LOUIS GALLOIS* - Presidente da European Aeronautic Defence and Space Company (EADS))
(Gazeta Mercantil 2/7/2008 Caderno A - Pág. 3)
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