Terça-feira, 21 de Julho de 2009 - 10h01

Especialistas investigam o efeito terapêutico do bom humor

Reportagem especial da revista Mente&Cérebro mostra por que a alegria e o senso de humor protegem de doenças e até ajudam a curá-las

Veículo: Contact News
Data de publicação: 21.07.2009

A edição de julho da revista Mente&Cérebro (Duetto Editorial), à venda nas bancas revistas e livrarias de todo o país, traz uma reportagem especial que aborda em profundidade a questão do bom humor como forma de fortalecer a saúde física e mental, ajudando as pessoas a enfrentar melhor situações de crise. Os textos assinados pelos psicólogos Steve Ayan e Richard Wiseman comentam pesquisas de especialistas que buscaram compreender o efeito terapêutico do senso de humor e dos momentos de alegria. A reportagem também relata o trabalho do médico americano Hunter “Patch” Adams, que inspirou o filme com Robin Williams, Patch Adams – O amor é contagioso. Criador do Instituto Gesundheit, Patch é o principal nome relacionado à luta pela humanização na saúde, e defende a presença de palhaços nos hospitais para diminuir o sofrimento dos pacientes.

Na reportagem de Mente&Cérebro, Steve Ayan fala de estudos que mostram, por exemplo, que o tônus muscular continua reduzido até 45 minutos após um ataque de riso, isto é, que rir tem efeito relaxante. Além disso, a concentração de cortisol, o hormônio do estresse, no sangue é reduzida em situações de alegria. “Como um nível sempre elevado de cortisol comprovadamente enfraquece a defesa imunológica, é possível concluir que a alegria protege contra doenças”, escreve Ayan. Segundo o especialista, momentos de descontração também contribuem para reduzir a sensibilidade à dor. “Isso pode ser atribuído à liberação de endorfinas, que desencadeiam sentimentos de prazer no cérebro, bloqueando a ação de estímulos dolorosos”, afirma ele. Ayan ressalta, entretanto, que riso não é sinônimo de bom humor. “Este último indica principalmente um desempenho mental, a capacidade de enxergar situações ou pessoas de formas bastante específicas”, explica. De acordo com o psicólogo, um estudo da Universidade de Maryland (EUA) revelou que apenas uma em cada cinco das 20 risadas que um adulto dá, em média, num dia tem base no humor. A maior parte desses risos expressa outros tipos de emoções, e até mesmo pode disfarçar agressividade ou tédio. Ayan alerta para aquele tipo de gracejo autodepreciativo ou que ocorre à custa dos outros, que dificilmente pode ter alguma propriedade terapêutica. Além disso, segundo estudiosos, o humor não cura distúrbios psíquicos, mas é um recurso importante para pessoas depressivas combaterem pensamentos negativos.

Já o psicólogo Richard Wiseman relata em seu artigo sua experiência durante o projeto denominado LaughLab, um estudo internacional sobre o humor realizado por ele e outros cientistas a pedido da Associação Britânica para o Avanço da Ciência (BAAS). Para analisar cientificamente o que leva as pessoas ao riso, o grupo de cientistas desenvolveu um website em que pessoas de diversos países podiam inserir as piadas de sua preferência e, em outro ambiente virtual, avaliar textos cômicos deixados por outros participantes. Ao final do projeto, que reuniu 40 mil anedotas e envolveu 350 mil pessoas de 70 países, foi possível concluir que nem todos acham graça nas mesmas coisas. Porém, o estudo comprovou que uma parcela significativa dos participantes avaliou positivamente piadas que despertam sentimento de superioridade. “A teoria da superioridade explica também por que às vezes grupos inteiros são expostos à chacota”, afirma Wiseman, que chama a atenção para o fato de que esse tipo de piada influencia a autoimagem das pessoas. “Isso é preocupante, pois significa que elas criam um mundo em que os clichês se tornam realidade”, escreve.

A edição de julho de Mente&Cérebro traz, ainda, um artigo assinado pela economista e psicóloga Annete Schäfer, que esclarece por que o celular exerce tamanho fascínio sobre os jovens. Cientistas têm estudado essa relação para entender o comportamento de grupos e desvendar novas regras de relacionamento entre pais e filhos. Outro destaque é o artigo da mestre em neurociência Luciana Christante, que questiona a confiabilidade dos exames de neuroimagem, além de um texto sobre o processamento de informações na retina, assinado pelo neurocientista Frank Werblin e pelo estudioso da visão Botond Roska, e outro sobre os estímulos na infância que são decisivos para a formação neuroanatômica, de autoria da psicanalista Julieta Jerusalinsky. Com 82 páginas, a revista Mente&Cérebro tem circulação nacional em bancas de revistas e livrarias, e está à venda também pelo site www.menteecerebro.com.br, ao preço de R$ 11,90 o exemplar.

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