Quarta-feira, 27 de Maio de 2009

A bilionária indústria da segurança

Veículo: IstoÉ Dinheiro
Data de publicaçâo: 24.08.2005

Pesquisa revela como atua esse mercado que fatura R$ 12 bilhões ao ano, reúne mais de 1,8 mil empresas em todo o País e emprega 400 mil profissionais
As cidades brasileiras foram invadidas por vigias, guaritas e um monte de equipamentos eletrônicos de segurança. Há gente de todo tipo trabalhando no ramo. Desde guardinhas que circulam pelas ruas de bicicleta e apito na boca até policiais que fazem “bico” nas horas de folga diante de restaurantes, hotéis e boates. Esse é o lado informal da segurança particular, feito por pessoas despreparadas, que gera desconfiança na população. Mas a outra face desse negócio é formada por 1884 empresas privadas que operam de forma organizada, regulamentadas pela Polícia Federal. Elas seguem regras rígidas de conduta e devem responder por um faturamento de R$ 12 bilhões neste ano, 11% acima de 2004. Os dados são do II Estudo do Setor de Segurança Privada, encomendado pela Federação Nacional das Empresas de Segurança Privada e Transportes de Valores, Fenavist. É um completo raio-X de um mercado que vem crescendo, em média, 7% ao ano desde a virada do século.
A pesquisa desmonta alguns mitos. O principal deles é a crença de que o crescimento do setor se dá apenas em função do avanço da violência. A rápida ascensão do ramo de segurança privada em todo o mundo, sustenta o estudo, está diretamente ligada ao aumento de riqueza em cidades, estados ou regiões. Em outras palavras, ao crescimento do patrimônio. Dados da Secretaria Nacional de Segurança Pública mostram que entre 2001 e 2003 o número de ocorrências de crimes contra o patrimônio, que é protegido pela segurança privada, superou muito aqueles ligados à violência física, de responsabilidade pública. “O setor cresce 8% ao ano no mundo, mesmo em países onde a violência urbana não preocupa tanto como nos EUA. É a relação direta com o aumento do patrimônio”, atesta Mauro Catharino, diretor da Mezzo Planejamento, responsável pela pesquisa.
O Grupo Coral, de Goiás, é prova desse fenômeno privado. A empresa triplicou de tamanho de 2000 para cá. O período coincide com a chegada ao estado de empresas do porte da Mitsubishi e Perdigão, que levaram investimentos graúdos à região. A constatação é óbvia: nenhum estado poderá prover segurança total a empreendimentos particulares. Pelo menos no nível de exigência que corporações como essas estão acostumadas a trabalhar. Bom para empresas como a Coral. “Até o final dos anos 90 dependíamos do governo, hoje nossos clientes se dividem entre públicos e privados”, diz Lélio Carneiro, presidente do Coral. A companhia deve faturar R$ 100 milhões neste ano, o que manteria o ritmo de evolução anual de 10% desde a virada do século. “Um empresário poderoso pode gastar entre R$ 100 mil e R$ 150 mil por mês para garantir a sua segurança e de sua família”, calcula Clodomir Marcondes, diretor da Power Segurança, outra gigante nacional, com quatro mil vigilantes. “O setor vive um bom momento”, comemora.
Bom, mas com grandes desafios. O principal é conquistar a confiança da população, pois, segundo a pesquisa, ainda há muita clandestinidade no mercado. Empresário calculam que para cada profissional em situação regular (são 400 mil no país), existem três clandestinos. Mas há sinais de mudanças. Existe uma lei que estabelece regras específicas para a operação dos profissionais de vigilância, entre as quais a exigência de treinamento de 120 horas para os futuros profissionais. “Para ser vigilante é preciso ter ficha criminal limpa e passar no teste psicotécnico e psicológico”, explica Tarcísio Neves, diretor da Inforvigil, escola de segurança privada de São Paulo que já formou mais de 100 mil vigilantes. Na maior empresa de segurança do País, a Pires, existem até agentes fluentes em inglês, espanhol e italiano. São novos tempos no setor. O Estado de S. Paulo – 10/08/2005
Coluna Nome & Notas – Gazeta Mercantil – 08/08/2005  Estudo da segurança privada mostra novo perfil do setor – Diário de Ponta Grossa – PR
A Federação Nacional das Empresas de Segurança Privada e Transporte de Valores (Fenavist) apresentou quinta-feira, em Brasília, o 2º Estudo do Setor da Segurança Privada (ESSEG). Elaborado pela Mezzo Planejamento, com base em informações disponibilizadas tanto pelos órgãos patronais do segmento quanto pelos órgãos que monitoram a atividade (Polícia Federal, INSS e Receita Federal), o estudo traz uma completa radiografia nacional da segurança privada, incluindo dados sócio-econômicos, evolução conjuntural do setor, perfil dos empresários e vigilantes e informações institucionais. De acordo com o ESSEG, o setor emprega 425 mil pessoas e deve faturar R$ 11,7 bilhões este ano, um crescimento de 11% em relação a 2004. Em 2005, o Paraná deve movimentar R$ 496 milhões no segmento de segurança privada e existe uma previsão de crescimento do mercado de 7,5%.No ano passado o setor empregou 16,6 mil vigilantes. Com os números de vigilantes apresentado em 2004, o Paraná foi o maior mercado de segurança privada em mão-de-obra no Sul, com 36,5% Para o presidente da Fenavist, Jerfferson Simões, os dados do ESSEG permitem que a Federação, os sindicatos e as entidades do setor conheçam os detalhes, características, diferenças e impactos do mercado e do próprio ambiente sócio-econômico sobre a atividade, facilitando a definição e a organização das ações de maneira pró-ativa para a condução e modernização da segurança privada no Brasil.
O número de vigilantes em atividade é outro indicador positivo para avaliar a evolução da segurança privada no Brasil. Dos 425 mil empregos gerados, 90% são vigilantes, os demais operam nas áreas de suporte (financeiro, marketing, tecnologia, entre outras).
Por região, no Centro-Oeste e no Sul, que representam 10% e 13%, respectivamente, do faturamento total do setor, os aumentos anuais superaram o patamar dos 20%, destacando-se como os maiores entre as demais regiões do País. Essa projeção indica que o mercado de segurança privada no Centro-Oeste deve faturar R$ 1,2 bilhão em 2005.
Segundo explicou o presidente da Mezzo Planejamento, Calil Buainain Júnior, "a segurança privada cresce de acordo com o aumento do patrimônio e do desenvolvimento econômico e não com a criminalidade, violência e insegurança".
PR tem exército de 35 mil seguranças clandestinos O Paraná tem um exército armado de 35 mil vigilantes clandestinos, segundo levantamento realizado pela Federação dos Vigilantes do Paraná em parceria com o Sindicato dos Empregados em Empresas de Segurança, Vigilância e Transporte de Valores. Esse total é 35% maior que efetivo policial do Estado e 51,4% superior ao número de profissionais legalizados. Em Ponta Grossa, para cada um vigilante profissionalizado existiriam quatro irregulares. São 700 contra 2,8 mil. No próximo dia 18, os presidentes de sindicatos estarão reunidos em Brasília com representantes do Ministério da Justiça e Polícia Federal para tratar da ilegalidade no setor. De acordo com João Soares, presidente da Fetravispp e Sindivigilantes, esse encontro é o momento ideal para discutir, com mais profundidade, o projeto de lei do deputado Irineu Colombo (PT/PR) que torna crime a prática da vigilância clandestina. "A punição será tanto para quem pratica como para quem contrata", diz. No Paraná, as 62 empresas cadastradas na Polícia Federal empregam 17 mil profissionais. Em Ponta Grossa apenas três seriam regularizadas. "Em todo o Estado existem aproximadamente 200 empresas de fundo de quintal que não pagam impostos e nem recolhem os encargos como o FGST e o INSS. Também usam mão-de-obra barata, não registram os funcionários e pagam a eles em média R$ 20 a R$ 25 por dia de serviço", ressalta. "O problema é que a clandestinidade está crescendo muito e tirando o emprego do profissional que está preparado para exercer a profissão", complementa. Soares tem enviado ofícios ao Ministério do Trabalho, ao Ministério Público e à Polícia Federal denunciando aquilo que a categoria chama de "rapinagem" no setor. "Nossas cobranças são diárias", acentua. "Esse exército de clandestinos está armado, situação que configura crime segundo o Estatuto do Desarmamento. Além disso, eles não prestam serviço de qualidade e também não se reponsabilizam por eventuais danos ou roubos nos imóveis das pessoas que os contrataram", finaliza.  Indústria do medo – O Fluminense - RJ
 
As grades do condomínio são para trazer proteção/ Mas também trazem a dúvida se é você que está nesta prisão". O trecho da música "Minha Alma", do grupo O Rappa, ilustra os prós e contras do comércio formado ao redor de um sentimento compartilhado por cada vez mais moradores de grandes centros urbanos: o medo da violência. Os reflexos do temor estão no crescimento do setor de segurança. A Federação Nacional de Empresas de Segurança e Transporte de Valores (Fenavist) antecipa, em primeira mão a O FLUMINENSE, dados do II Estudo do Setor de segurança Privada (Esseg) relacionados ao estado do Rio de Janeiro, que indicam aumento de 60% no faturamento da segurança privada no estado entre 2002 e 2004, passando de R$ 895 milhões para R$ 1,42 bilhão. Mas especialistas discutem se o que aumentou foi a violência de fato ou o medo dela e qual o limite entre segurança e enclausuramento.
O medo de assaltos e roubos, sobretudo em classes média e alta, impulsiona a procura por aparatos como grades, vidros fumê, carros à prova de balas, interfones com câmeras, alarmes, sensores e até cursos para vigilantes e de defesa pessoal. O temor gera, também, crescimento de demanda de profissionais da área. O estudo da Fenavist revela que o setor de segurança privada empregou 360 mil vigilantes no Brasil entre 2002 e 2004, quando a federação registrou 1,9 mil empresas do ramo espalhadas pelo País. Na esfera estadual, o aumento de contratações foi de 4,5%, passando de 45,4 mil para 47,4 mil.
Mercado – "O mercado de segurança privada tem um contingente duas vezes maior que os da Polícia Civil e Militar juntos", afirma o sociólogo Dario Sousa e Silva, do departamento de ciências sociais da Universidade Estadual do Rio de Janeiro (Uerj).
Dalmo Agnes, um dos donos do curso Alcancy, comprova que a procura pela Formação de Vigilantes vem aumentando desde que foi inaugurada, no primeiro semestre. Hoje, segundo ele, há cerca de 20 inscrições por semana para o curso, que dura quinze dias e oficializa os participantes a atuar em uma área cujo piso salarial médio é de R$550 e que pode chegar a R$2 mil, dependendo da empresa e da carga horária.
Quando o especialista em blindagem Elias Habib entrou no mercado de carros blindados, em 1984, só embaixadas adquiriam este tipo de veículo. Hoje já é comum ver automóveis com vidros à prova de bala circulando nas ruas do Rio de Janeiro e de Niterói. Elias vende, atualmente por mês, cerca de 40 carros blindados na capital fluminense e cerca de 15 veículos do gênero em Niterói.
Treinamento – Mas apesar do sucesso, a Fenavist também aponta um problema: a existência de segurança irregular, como o serviço ilegal de vigilantes, fator que representa um empecilho para o fortalecimento do setor, segundo a federação. O consultor de segurança Hamilton Pereira argumenta que a falta de treinamento adequado e de equipamentos eficientes em ambientes comerciais ou residenciais pode ser pior que a ausência de segurança. O motivo da aquisição de serviços com falhas, para ele, é claro: o desespero.
"Muitas pessoas ficam aterrorizadas e todos estão preocupados com esse tema. Por causa do terrorismo que às vezes se dissemina, as pessoas passam a comprar de tudo", alerta Pereira.
A vigilância constante pode oferecer mais segurança, mas mostra também que o tema é uma moeda de dois cunhos. O sociólogo Dario Sousa e Silva alerta: a segurança em excesso pode comprometer a liberdade e não reflete, necessariamente, o aumento da violência.
Transporte de dinheiro Estudo sobre o setor mostra processos de fusão e busca de novos clientes Carros-fortes diversificam serviços Altamiro Silva Júnior De São Paulo
Valor Econômico Em tempos de crescimento do transporte de dinheiro em malas e outros lugares impróprios, as empresas de transporte de valores (aquelas que usam carros-fortes e precisam ser autorizadas pela Polícia Federal) passaram por profundas transformações. As companhias se modernizaram e preparam-se para faturar R$ 2,6 bilhões este ano, 62,5% acima do que ganharam em 2002.
Estas companhias passaram por um longo processo de reestruturação, que começou com o Plano Real e a queda da inflação. Com a estabilidade de preços, as empresas buscaram novos clientes (como as redes de varejo e as lotéricas), novos serviços (como abastecer os caixas eletrônicos e processar os documentos das tesourarias dos bancos) e passaram (ainda passam) por um processo de fusão e aquisição, revela um amplo estudo sobre o setor, elaborado pela Mezzo Planejamento.
O estudo mostra que 67% das grandes empresas de valores passaram por um processo de fusão ou aquisição nos últimos anos. "E isso ainda tende a continuar, pois, como os custos no setor são muito altos, elas precisam ganhar escala", destaca Mauro Catharino Vieira, da Mezzo.
Os principais clientes destas companhias são os bancos (que respondem por quase 60% dos negócios). Assim, o que acontece com os bancos tem influência direta nelas. Com inflação menor, os bancos foram obrigados a se adaptar, cortando custos e terceirizando serviços.

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