Quarta-feira, 17 de Abril de 2013 - 13h28

ENTREVISTA - EDUARDO MARSON

No ano em que a Helibras completa 35 anos, Eduardo Marson fala das comemorações pela data, projetos e participação da empresa junto à comunidade itajubense e muito mais.

Veículo: Itajuba Notícias 

Data de publicação: 17.04.2013

Quantos anos a Helibras faz em 2013 e como a data será comemorada?A Helibras foi criada em 1978, originalmente em São José dos Campos, no CTA – Centro Técnico Aeroespacial, enquanto era construída a fábrica no município de Itajubá, que foi inaugurada em 1980. Estamos fazendo, ao longo do ano, algumas ações para marcar a data, que fazem parte do projeto Memória Helibras 35 Anos. Dentre elas, levantamento e organização o acervo histórico a partir de documentos, depoimentos de funcionários e parceiros que participaram da implantação da empresa, além dos atuais, que nos ajudarão a contar o caminho de sucesso da Helibras. O evento que marcará a data será o “Portas Abertas”, quando os funcionários poderão levar seus familiares para conhecer a nova linha de produção e os helicópteros produzidos pela empresa.
Sabemos da expansão da empresa nos últimos anos. O que o senhor pode destacar dessas atividades?A Helibras mais do que dobrou de tamanho nos últimos quatro anos. Desde 2008, data da assinatura do contrato para fornecimento de 50 aeronaves EC725 para as Forças Armadas Brasileiras, construímos um novo hangar, ocupando agora um espaço de mais de 20 mil m², somando todas as dependências da empresa. Passamos de 260 para 800 funcionários e inauguramos uma linha capaz de produzir um helicóptero 10 vezes mais complexo que o modelo Esquilo, que é produzido pela Helibras desde sua chegada a Minas Gerais.Mas, o que podemos destacar de tudo isso foi o processo de transferência de tecnologia e o desenvolvimento da indústria aeronáutica brasileira por meio desse projeto. Adquirimos novos conhecimentos, somos hoje o quarto pilar estratégico do Grupo Eurocopter no mundo em termos de tecnologia e desempenho para novos programas, aperfeiçoamos técnicas já dominadas e ampliamos nossa cadeia de parceiros brasileiros, que são empresas terceirizadas que estão crescendo assim como a Helibras, para fornecer peças, sistemas e componentes para os novos e antigos modelos de helicópteros que produzimos.
Quantas aeronaves são produzidas na unidade de Itajubá por ano?Até a inauguração do novo hangar, tínhamos capacidade para produzir cerca de 36 helicópteros leves por ano, em sua maioria o modelo Esquilo. Agora, produzimos também o EC725. Nesse número, não contabilizamos a produção dos modelos militares EC725 e sua versão civil EC225, por causa da complexidade e cadência diferenciadas.
Como funciona a transferência de tecnologia com a matriz?De várias maneiras. Primeiro, os técnicos brasileiros (engenheiros e mecânicos) foram para a França conhecer as atividades diretamente na unidade responsável pela fabricação do EC725. Em seguida, técnicos franceses foram transferidos e vieram trabalhar aqui em Itajubá. Ao mesmo tempo, a Helibras adotou os mesmos processos de sua matriz na França. Além disso, um grupo de professores e alunos da Unifei, do curso de Engenharia Aeronáutica, fizeram também um estágio na Eurocopter para a absorção de conhecimentos na área.Outro ponto sensível foi a contratação dos fornecedores brasileiros, que receberam todas as informações para fabricar, aqui no país, algumas partes e peças para os helicópteros, portanto, treinando seus funcionários também. E o mais significativo: tudo isso acompanhado de perto pelos clientes militares, que são informados e aprovam toda e qualquer intervenção nas aeronaves, ou seja, o conhecimento já está no Brasil.
O intercâmbio de funcionários é constante? Como isso contribui para a qualidade da mão de obra local?Recebemos constantemente a visita de profissionais franceses da Eurocopter para troca de experiências com nossos funcionários brasileiros e realizamos também o processo inverso, enviando à França funcionários de diversos setores da empresa para o que chamamos de “on the job training”, um treinamento na prática.Essa experiência é bastante enriquecedora para os funcionários. O profissional brasileiro é bastante capacitado e versátil, capaz de absorver as técnicas utilizadas em outras empresas do grupo e adaptá-las às necessidades daqui. Essa troca de informações é também uma possibilidade de carreira internacional para aqueles que ingressam na Helibras e que podem ser convidados a trabalhar, por exemplo, na Eurocopter.
Onde a Helibras busca seus principais profissionais?Esse é um ponto sensível. A mão de obra da Helibras é altamente qualificada e o Brasil não possui uma grande oferta de profissionais no segmento aeronáutico. Nós estamos fazendo um grande esforço para buscar novos talentos nas universidades, inclusive celebrando programas de cooperação para estimular a formação desses profissionais, além de buscá-los no mercado, inclusive com a publicação de anúncios em outros países.
E em relação ao curso de formação de mecânicos de aeronaves? Era uma necessidade pela falta de mão de obra na região?Temos hoje um grande déficit de mão de obra especializada e, por isso, a Helibras investe na formação de novos profissionais. A indústria aeronáutica está cada vez mais aquecida e uma de nossas contribuições à sociedade é mostrar aos jovens que este mercado pode ser muito interessante do ponto de vista de realização profissional, crescimento rápido e retorno financeiro. Nos últimos anos, a Helibras tem realizado diversas parcerias acadêmicas para suprir, em um longo prazo, a necessidade de mão de obra especializada. O projeto de criação do curso de Engenharia Aeronáutica e de um Centro de Asas Rotativas na Unifei, por exemplo, é uma das iniciativas da empresa, em conjunto com a comunidade acadêmica, para viabilizar uma nova oportunidade de formação com excelente preparo e qualidade. Assim como os cursos promovidos pelo Instituto Helibras, que além de formar profissionais dos quais o mercado carece, levou em conta critérios socioeconômicos de incentivo e apoio à comunidade local. Mantemos também o nosso Centro de Treinamento sempre à disposição de clientes, operadores e demais interessados em capacitar Pilotos e Mecânicos de Manutenção em aeronaves ou sobre outros assuntos pertinentes e necessários no mercado da aviação de asas rotativas.
A construção do aeroporto de Itajubá irá beneficiar a empresa? Como?Será de grande valia para a Helibras, no sentido de agilizar, o transporte de peças e passageiros. E também será ainda mais benéfico para a cidade, que se desenvolve a passos largos e ganha com a iniciativa do polo industrial, mais visibilidade, acesso e espaço no cenário industrial brasileiro.
Em relação ao Parque Municipal anunciado no ano passado. Em que fase está?Finalizamos o projeto executivo recentemente e agora, nos preparamos para a fase inicial de construção das instalações. Essa é uma obra conjunta com a Prefeitura de Itajubá e para a qual queremos também atrair a participação de outros parceiros, por considerarmos que é de muita importância para a população da cidade.Estamos na fase de obtenção de licenças ambientais, necessárias para o início das obras previstas para aquele local. O prazo de tramitação nos órgãos competentes é estimado entre quatro e seis meses para concessão das respectivas autorizações.
A estimativa é de que o empreendimento se torne realidade em quanto tempo?O projeto está correndo como o previsto e segue na Prefeitura da cidade para ajustes técnicos. A expectativa é que ainda este ano possa ser anunciado o início das obras no local destinado ao Parque Municipal.
Qual a influência da Helibras na economia local?A influência da Helibras na economia de Itajubá e de outras cidades próximas no sul de Minas Gerais, é muito grande. Segundo dados do BNDES, para cada emprego gerado em nossa fábrica outros cinco empregos indiretos são gerados na cidade. São empresas que fornecem alimentação, material de escritório, serviços de limpeza e segurança, entre outros. Mas, acreditamos que o impacto seja ainda maior, por dois fatores: estamos trazendo para a cidade muitos profissionais de nível universitário, que contribuem para a elevação dos níveis de qualidade dos serviços oferecidos a toda a população. E, com esses profissionais, chegam também suas famílias, o que amplia a geração de negócios em praticamente todos os segmentos da economia local, como o setor de imóveis, de transporte e comércio em geral.
Como é a participação comunitária da Helibras? Existem projetos ou ações voltadas para a comunidade?A Helibras sempre participou de iniciativas de apoio à população local, em alguns segmentos, como o social e o educacional. Em 2010, decidimos unificar essas ações criando o Instituto Helibras que passou a coordenar todas as atividades de cultura, lazer, cidadania e educação da empresa relacionadas à comunidade. Entre os grandes projetos do Instituto estão o HeliAsas, programa que concede bolsas para formação no curso de Mecânico de Manutenção Aeronáutica, destinado à pessoas que não podem pagar por essa capacitação; o Programa de Voluntariado, que está sendo consolidado e para o qual foi feita uma pesquisa interna a fim de saber do colaborador qual segmento da responsabilidade socioambiental ele prefere atuar como voluntário; e o já mencionado Parque Ambiental de Itajubá. Também participamos ativamente das iniciativas pontuais que ocorrem ao longo do ano na cidade, como campanhas do Agasalho, Dia das Crianças e Natal em creches ou escolas municipais.
Existem novos projetos de expansão?A atual fase de expansão ainda não está concluída, embora novos avanços devam acontecer dentro de outros parâmetros e tempo. Nós estamos desenvolvendo planos de ampliar nossas bases de atuação e atendimento a clientes em vários pontos do país.
Atualmente, são quantos empregos diretos? E indiretos?São praticamente 800 funcionários diretos, trabalhando diariamente nos diversos projetos que a Helibras desenvolve, sem contar os colaboradores parceiros, que realizam atividades específicas por tempo determinado, e as empresas terceirizadas que nos ajudam no restaurante, limpeza, manutenção e jardinagem, por exemplo. Nossa meta é que o número de empregos diretos chegue a 1.000 em 2015.
Itajubá oferece toda a estrutura que a Helibras precisa?Itajubá é uma cidade que está disposta e apta a se desenvolver. Além da Helibras, outras empresas criaram aqui suas plantas industriais, o que favorece a economia e crescimento da região. A administração pública, em todas as suas esferas, municipal e estadual parece olhar para a região com mais afinco, com o desejo de torná-la realmente um grande polo industrial de alta tecnologia. Os investimentos, melhorias e necessidades sempre existirão, mas a Helibras acredita que o crescimento individual estimule a cidade e sua população ao desenvolvimento conjunto, garantindo assim cada vez mais condição de transporte, moradia, educação e infraestrutura.
A crise mundial afeta a empresa direta ou indiretamente?Uma crise econômica afeta todas as empresas de todos os setores, em maior ou menor grau, às vezes, até em períodos diferentes. A Helibras já atravessou períodos de grande dificuldade, mas, atualmente, a empresa, como outras do setor aeronáutico, vive um momento um pouco diferente. Isso pelo fato de esse mercado, no Brasil, ter sofrido outros períodos de forte repressão de demanda e, desde 2010, estar se recuperando, apesar das dificuldades econômicas internacionais.

Acesse a matéria neste link.

 

compartilhe: