Quarta-feira, 14 de Outubro de 2020 - 11h23

Semesp revela que 99,1% das instituições privadas migraram para o ensino remoto

Levantamento inédito mostra dificuldades e aprendizados de alunos e docentes com a suspensão das aulas presenciais

Diante do cenário da pandemia de Covid-19, com as restrições quanto à presença física dos estudantes, as instituições de ensino superior tiveram que se adaptar rapidamente e procurar soluções para que seus alunos não tivessem o ensino prejudicado. No Brasil, foram afetados cerca de 50 milhões de crianças e jovens, sendo que, apenas no ensino superior, 6,3 milhões de matriculados em cursos presenciais passaram por essa situação.

Para conhecer as principais dificuldades e aprendizados que essa experiência deixou na vida educacional dos alunos e docentes de cursos de graduação, o Instituto Semesp realizou a pesquisa Adoção de Aulas Remotas – Visão dos Alunos e Docentes, no período de 6 a 15 de julho de 2020, com a participação de 2.588 alunos e 413 professores de Instituições de Ensino Superior públicas e privadas no Brasil.

De acordo com a pesquisa, praticamente todas as instituições de ensino superior privadas migraram suas aulas presenciais para as aulas remotas com o uso da tecnologia (99,1%). Já nas instituições públicas menos da metade seguiu a mesma estratégia (41,8%).

Entre os alunos, cerca de 84% e 81% das redes privada e pública, respectivamente, consideraram que o modelo de aulas remotas disponibilizado nesse período se mostrou o mais adequado. Na opinião dos professores, o modelo de aulas remotas adotado também foi o mais adequado possível para o momento de pandemia, 93,5% (privadas) e 89,6% (públicas).

Apesar de os alunos concordarem que o modelo de ensino remoto adotado foi o mais adequado para o momento, na rede privada, 37,9% não concordam que as aulas apresentadas pelos professores sejam atrativas nesse novo formato. Nas instituições públicas esse percentual é ainda maior, em torno de 46,6%. Vários alunos relataram a falta de inovação no formato das aulas, o excesso de atividades e listas de exercícios extraclasse, além da carência de aulas mais dinâmicas e interativas.

Para os professores, em relação à forma como as aulas remotas estão sendo conduzidas, na rede privada, 32% apontaram que as aulas não são atrativas. Nas instituições públicas esse percentual é um pouco maior, 34%.

O estudo também classificou a experiência dos alunos de cursos presenciais com o ensino remoto oferecido durante a pandemia. Os alunos das instituições privadas se mostraram um pouco mais satisfeitos do que os estudantes das públicas. Enquanto 46,1% dos alunos na rede privada consideram a experiência como “ótima” ou “boa”, na rede pública esse percentual ficou em 43,5%. Já 71,2% dos professores da rede privada classificaram a experiência como “ótima ou “boa”, nas instituições públicas menos da metade, 48,2%.

Sobre a facilidade que os que os alunos possuem para assistir às aulas remotas, a maioria dos professores concordou: nas instituições privadas, o percentual chegou a 59,4% e nas públicas foi ainda maior, 72,4%.

Entretanto, essa facilidade apontada no estudo não se traduz em participação e atenção dos alunos. Em relação à participação dos alunos, apenas 32,6% dos docentes das IES privadas e 34,5% dos docentes das IES públicas concordaram que os alunos participam mais ou igual nas aulas remotas do que nas aulas presenciais. E somente um a cada quatro professores afirmou que os alunos estão mais atentos às aulas remotas. Nas instituições privadas, esse percentual chegou a 27,6% e nas públicas, 20,7%.

Ainda de acordo com a pesquisa, 53,4% dos alunos da rede privada consideraram a didática e a metodologia de aula utilizada pelo professor como ótimas ou boas. Em torno de 16% classificaram como ruim ou péssima. Eles destacaram que alguns docentes usaram a mesma metodologia da aula presencial, sem recursos audiovisuais interessantes, tornando a aula desgastante, desmotivadora e cansativa.

Na rede privada, 28,0% dos professores usaram a mesma metodologia da aula presencial, contra 20,7% dos docentes das públicas. Em torno de 44,8% destacaram que o tempo de aula se manteve, porém, com menos momentos expositivos e mais atividades interativas. Já na rede pública, 27,6% dos professores sinalizaram essa opção.

Após a experiência com as aulas remotas, mais da metade dos alunos (52,3% na rede privada e 51,3% na pública) preferem continuar com as aulas totalmente presenciais após o fim da quarentena. É interessante destacar que, apesar de frequentarem um curso presencial, 18,8% dos alunos de instituições privadas gostariam de continuar com aulas remotas ao vivo e 21,7% gostariam que o curso fosse ofertado de forma híbrida (parte presencial e parte on-line). Apenas 7,3% gostariam de continuar com as aulas gravadas.

“Vale destacar que a maioria dos alunos que preferem retornar às aulas presenciais após a pandemia são de cursos presenciais que demandam aulas práticas, como Odontologia, Medicina, Enfermagem. Os alunos de cursos mais teóricos ou que oferecem maior possibilidade de aulas práticas fora do ambiente escolar, como Administração, Engenharias e aqueles relacionados à Informática, demonstraram um maior interesse em conciliar os dois modelos ou em até continuar com as aulas remotas (síncronas ou assíncronas) devido à experiência realizada durante a pandemia”, comentou Rodrigo Capelato, diretor-executivo do Semesp.

Menos da metade dos docentes (45,6% na rede privada e 44,8% na pública) respondeu que prefere continuar com as aulas exclusivamente presenciais após o fim da quarentena. Apesar de lecionarem em cursos presenciais, 13,4% dos docentes de instituições privadas gostariam de continuar com aulas remotas ao vivo e 39,5% gostariam que o curso fosse ofertado no modelo híbrido. Apenas 1,5% gostariam de continuar com as aulas gravadas.

A maioria dos docentes das instituições privadas classificam o apoio da instituição como ótimo ou bom durante a transformação das aulas para o formato remoto (70,1%). Na rede pública, somente 55,2% dos docentes classificaram o apoio destinado pelas IES como ótimo ou bom.

O diretor-executivo do Semesp explicou que, passado esse período de pandemia que exigiu agilidade das instituições em buscar alternativas para oferecer aulas remotas e adaptação dos professores ao uso de tecnologias, as instituições precisam melhorar as metodologias de ensino e de avaliação, para não ser uma transposição das aulas presenciais para o ambiente on-line. “Não há dúvidas de que as aulas presenciais no período pós-pandemia deverão ser reformuladas. A vivência dos alunos, familiares, professores e gestores de instituições com a educação remota deverá provocar, no mínimo, uma discussão construtiva sobre esse tema”, afirmou Capelato.

Entretanto, Capelato também destacou que, apesar de alguns contratempos, alunos e professores gostaram da experiência com as aulas on-line e consideraram a possibilidade de um ensino híbrido no retorno, conciliando aulas teóricas a distância e aulas práticas e avaliações de forma presencial. “Alguns destacaram a economia de tempo e dinheiro, além do melhor aproveitamento nas disciplinas”, disse o diretor-executivo.

Entre outros dados, a pesquisa também revelou condições dos equipamentos, ambiente de estudo e trabalho, habilidades em trabalhar com equipamento e/ou software e a qualidade da internet.

 

Sobre o Instituto Semesp O Instituto Semesp é um centro de inteligência analítica criado pelo Semesp. Integrado por especialistas com sólida experiência no levantamento e análise de dados sobre o ensino superior, o Instituto desenvolve estudos, pesquisas, indicadores e análises estatísticas referentes ao setor. Seu objetivo é disponibilizar para pesquisadores, educadores, gestores privados e públicos, jornalistas e para a sociedade em geral informações relevantes e confiáveis que lhes permitam tomar decisões, estabelecer estratégias ou formular políticas públicas, visando o desenvolvimento da educação superior.

O Instituto é responsável por estudos e pesquisas divulgados anualmente pelo Semesp, como o Mapa do Ensino Superior no Brasil, a Pesquisa de Empregabilidade, a Pesquisa de Inadimplência e a Pesquisa sobre Cursos de Especialização Lato Sensu no Brasil, entre outros diagnósticos considerados essenciais para a compreensão do setor.  

 

Sobre o Semesp Fundado em 1979, o Semesp, entidade que representa mantenedoras de ensino superior do Brasil, tem como objetivos prestar serviços de excelência e orientação especializada aos seus associados, oferecer soluções para o desenvolvimento da educação acadêmica do país, além de preservar, proteger e defender o segmento privado do ensino superior brasileiro. Comprometida com a inovação, a entidade mantém uma estrutura técnica especializada que realiza periodicamente uma série de estudos e pesquisas sobre temas de grande relevância para o setor e promove a interação entre mantenedoras e profissionais de educação. Realiza também eventos como o FNESP, maior Fórum de ensino superior da América Latina, o Congresso Nacional de Iniciação Científica (Conic), o Congresso de Políticas Públicas para o Ensino Superior e as Jornadas Regionais pelo Interior de São Paulo, e ainda capacita os profissionais da educação superior por meio da Universidade Corporativa Semesp. 

 

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Roseli Ramos
Assessora de Comunicação
Convergência Comunicação Estratégica
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